Dificuldade de acesso, escassez de transporte escolar e de saúde, falta de manutenção dos locais públicos e de serviços de emergência estão entre os maiores problemas desse distrito de Alfenas.
O distrito de Barranco Alto não é somente uma bela paisagem, um lugar bonito para passeios. O local tem uma natureza privilegiada, mas os quase 400 habitantes que moram ali, não são privilegiados, quando o assunto é o serviço público. Esta comunidade rural remota carece de diversas políticas públicas adequadas à sua realidade. O lugar é circundado pela represa de furnas, fica a 35 km de Alfenas pela balsa, é de difícil acesso e por isso, o transporte escolar e de saúde precários, são de longe as maiores reclamações dos moradores.

Ângela Maria Gomes Alves, safrista, mais conhecida como ‘Toca’, é uma das líderes da comunidade. Ela reclama que, só nestes primeiros três meses do ano, sua filha não foi para escola inúmeras vezes porque a Kombi quebrou. São quatro veículos que transportam os estudantes dos sítios e fazendas, mas com as péssimas condições das estradas, esses veículos estão sempre quebrados.

José Eduardo de Lima, produtor rural, disse que só no ano passado os filhos ficaram uma semana sem aula. “Chegava a informação de que a Kombi não tinha combustível. Outra hora diziam que a prefeitura não tinha pago a empresa terceirizada. A gente não sabe a quem perguntar. Cada hora jogam a gente para um lugar. Já pedimos reunião para entender porque o transporte escolar falha tanto; e se for fiscalizar os veículos então…”, conta desanimado o produtor.
Segundo a Toca, até o ano passado, havia uma van da prefeitura destinada para o transporte de pacientes, para a realização de exames e de consultas em Alfenas.
”Agora sem esta van, não podemos pagar 200, 250 reais, que é o que estão cobrando no particular, para o transporte”, esclarece a líder da comunidade.
QUEIXAS E MAIS QUEIXAS. PROMESSAS E MAIS PROMESSAS
A única creche do bairro, que abriga 22 crianças, é uma casa antiga, alugada, com acesso precário, por meio de escadas e, no dia da reportagem, o terreno se encontrava com mato, telhas e tijolos entulhados no local. As mães recordam que foram prometidas novas salas, anexas à única escola existente no local, mas até agora nada foi feito.
O PSF do bairro também se encontra problemático. Em 2017 a prefeitura deu início a uma reforma que nunca concluiu. Olhando de fora, é possível observar telhas quebras; telhas e postes com lâmpadas amontoadas no pátio do PSF. Os moradores também reclamam da falta soro antiofídico no local e que são comuns os relatos da presença de cobras e de outros animais peçonhentos no distrito.
A limpeza pública é outra queixa comum. Funcionários da prefeitura fazem a limpeza das ruas, mas o mato que se acumula nos terrenos avança pelas ruas e só pode ser retirado com roçadeiras, motosserras e trator. A prefeitura não disponibiliza esses equipamentos para a limpeza do bairro. A orla da represa também é só mato.
Andrea Silva Gaspar mora há 3 anos no local, numa rua sem asfalto, próximo ao cemitério, ela reclama da presença de cobras, escorpiões e de outros animais peçonhentos. Ela confirma que os varredores não têm roçadeiras, motosserra, trator para a remoção do lixo: “e nós moradores é que fazemos a limpeza. Tem pessoas que têm terrenos e não limpam. No ano passado encontrei 4 cobras na porta de casa. Nós pagamos IPTU também”, relata a dona de casa.
ÁREA VERDE VIRA LOCAL DE LIXO E ENTULHO
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Próximo ao cemitério, existe uma área que, segundo os moradores é a área verde do local, mas que se encontra cheia de móveis velhos, entulho e de todo tipo de lixo. Além disso, a prefeitura colocou duas caçambas na área, mas nunca recolheu. Hoje essas caçambas estão encobertas pelo mato e pelo lixo. “A promessa era de que iriam transformar esta área verde para construir 50 casas populares nela, mas isso nunca aconteceu”, lembra a Toca.
O cemitério também precisa de manutenção. Com as chuvas do início do ano, o muro caiu. A líder comunitária comunicou o fato à prefeitura, inclusive enviando fotos, mas até agora nenhuma providência foi tomada.
O empresário de pesca, Rud Lazaretti, resume que a solução dos problemas seria a manutenção das estradas. ”Pra os carros não ‘quebrar’: estrada. Pra gente oferecer mais emprego: estrada. Eu poderia oferecer mais 6 empregos, mas uma parte do meu negócio vou tirar daqui. Os jovens não querem ficar aqui”, reclama o psicultor.

Beatriz Garcia, funcionária da creche e moradora do bairro, avisa: “Não adianta dizer que o problema foi a chuva. Chover chove todo ano, mas se tivessem feito manutenção, as estradas não estariam assim.”.
Segundo os moradores, há mais de um ano não se vê máquinas da prefeitura na região, para fazer um trabalho preventivo nas estradas.
Também foi dito que a prefeitura iria disponibilizar máquinas, equipamentos e um funcionário, morador do próprio bairro, para os trabalhos preventivos e de manutenção, mas isso também nunca foi cumprido.
A redação do Notícias de Fato encaminhou à prefeitura as reclamações dos moradores do distrito do Barranco Alto, mas até o fechamento da reportagem, não obtivemos resposta a respeito